A Embraer reduziu nesta quarta-feira sua previsão de margem bruta em 2007, pressionada por custos acima do esperado na produção e pelo alinhamento de práticas contábeis que alteram a forma de lançamento de algumas despesas e receitas no resultado.
A fabricante de aviões espera agora encerrar o ano com margem bruta pelos padrões norte-americanos (US Gaap) entre 23 por cento e 24 por cento, ante estimativa anterior de 30 por cento.
As ações da Embraer registravam queda de 6,14 por cento na Bolsa de Valores de São Paulo, cotadas a 21,57 reais, enquanto o principal índice do mercado acionário operava em baixa de 0,5 por cento, às 12h22 (horário de Brasília).
O analista Eduardo Puzziello, da corretora Fator, disse que apesar das mudanças contábeis não afetarem linhas como o lucro líquido ou o patrimônio líquido, elas pressionam as margens operacionais.
Na visão do analista, os investidores podem ter se assustado com o novo "guidance" para margem bruta da Embraer, embora ele acredite que "o impacto será mínimo" sobre o desempenho da empresa de forma geral.
Em comunicado ao mercado, a Embraer informou, entre outras coisas, que os descontos a clientes --antes computados como despesas comerciais-- serão classificados como dedução de vendas. Outra mudança foi a maneira de registrar receitas de contratos relacionados a fornecimento de peças e treinamento.
De acordo com o vice-presidente de Relações com Investidores da Embraer, Antonio Luiz Pizarro Manso, a empresa aproveitou a transição de auditores para promover as mudanças na contabilidade, motivadas pela criação de uma área de negócios de Serviços aos Clientes.
"São ajustes que fazem com que nossa prática contábil fique mais próxima da indústria como um todo", disse Manso em teleconferência com analistas e jornalistas.
No segundo trimestre, a margem bruta da Embraer em US Gaap ficou em 21,8 por cento, queda de 2,5 pontos percentuais contra o mesmo período do ano passado, prejudicada por custos industriais ainda elevados por horas-extras enquanto o terceiro turno de produção ainda é implantado.
Os executivos da fabricante dão previsões para a margem bruta em US Gaap, por ela estar menos sujeita a influências do câmbio do que a margem por legislação societária (BR Gaap).
A nova previsão de margem bruta em US Gaap --de até 24 por cento no encerramento do ano-- foi abatida pela nova metodologia contábil (com impacto de 4 pontos percentuais sobre a estimativa anterior) e de algumas despesas adicionais com horas-extras, treinamento e pelo câmbio (menos cerca de 2 pontos percentuais).
As projeções têm como base o valor do dólar em 30 de junho, observou o vice-presidente da Embraer, e não levam em conta a recente valorização da moeda norte-americana por conta das turbulências nos mercados financeiros globais.
A Embraer espera entregar de 165 a 170 aviões em 2007, ante 130 unidades no ano passado. Para 2008, a meta é entregar até 205 aeronaves. A empresa contratou 4.500 pessoas entre o final de 2005 a e metade deste ano, com grandes investimentos para treinar os novos funcionários.
A fabricante de aviões divulgou na madrugada desta quarta-feira lucro líquido de 79,7 milhões de reais de abril a junho, quase metade do ganho registrado um ano antes pelo BR Gaap
Fonte: G1 em 15/08/2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário